segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Discurso Sobre a Servidão voluntária


 
 Etienne de La Boétie morreu aos 33 anos de idade, em 1563. Deixou sonetos, traduções de Xenofonte e Plutarco e o Discurso Sobre a Servidão Voluntária, o primeiro e um dos mais vibrantes hinos à liberdade dentre os que já se escreveram.
 Etienne de La Boétie, no início de seu Discurso da Servidão Voluntária, reporta-se a Homero, através da fala de Ulisses, quando este afirma que é melhor ter um senhor a ter vários. Argumenta dizendo que quando um senhor é mau, estamos sujeitos à infelicidade, quanto mais se nos sujeitarmos a vários. Em seguida, estupefato, o autor constata o absurdo de haver tantos homens, cidades e nações que facilmente se submetem a um só Tirano, cujo poderio é, ironicamente, outorgado por eles próprios. Conclui, então, ser resultado da fraqueza humana o submeter-se à servidão voluntária. A obra abarca uma análise do grande problema da questão da tirania e o por quais motivos os indivíduos estabelecem uma relação de súdito voluntariamente. O ilustre autor analisou com profundidade a liberdade, concluindo ser um direito concebido pela natureza.
A ideia que se edifica como chave para o entendimento acerca das questões da servidão voluntária, seria a do princípio de liberdade, Etienne tem uma concepção como sendo um direito natural inerente ao homem, partindo disso então, não tem o porquê os indivíduos serem governados tiranicamente. A partir dessa constatação monta-se um arcabouço dos tipos de tirania, “Há três tipos de tiranos. Falo dos maus Príncipes. Uns possuem o reino por eleição do povo, outros pelas forças das armas, e os outros por sucessão da raça” (Etienne De La Boétie, 1982, p. 82).

No âmbito da explicação referente à servidão voluntária, o autor deixa claro ideias fundamentais para a compreensão desse fenômeno. A primeira razão para a servidão seria o hábito, escreve o autor: “a primeira razão pela qual os homens servem voluntariamente é que nascem servos e são criados na servidão” (ibidem, p. 90). Completa que dessa razão deriva outra, a ideia de que os homens se tornam necessariamente covardes e afeminados, explicando que os tiranos usam práticas a fim de garantir a obediência dos súditos. Outra ideia que autor coloca como importante para com a servidão voluntária, são as bases de sustentação da tirania, explica-o que o tirano concebe a quatro ou cinco homens funções que auxilia na conservação do poder, usa expressão “tiranetes sob o grande tirano”(ibidem, p. 101).

 Sobre a liberdade, que tem uma profundidade explicita na obra, descreve-o:
Em primeiro lugar creio não haver dúvida de que, se vivêssemos com os direitos que recebemos da natureza e segundo os preceitos que ela ensina, seríamos naturalmente submissos a nossos pais, súditos da razão, mas escravos de ninguém. (ibidem, p. 80).



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